segunda-feira, 5 de março de 2018

Como consegui o Visto de Estudo em Winnipeg

Quando decidimos vir para o Canadá, uma das opções de imigração seria tentar conseguir o visto de estudo para um e o outro o visto de trabalho. E por questões de facilidade decidimos que Luciana seria a pessoa que estudaria enquanto eu trabalho.

Essa decisão foi racionalmente pensada por ela já ter um diploma de grade 12 (ensino médio) aqui do Canadá e da mesma província que estamos hoje - Manitoba. Com esse fator, isso nos economizaria tempo e dinheiro. Quando uma pessoa decide estudar fora do país, ela precisa provar que sabe a língua inglesa e com isso precisa fazer um dos teste de proficiência. Esse processo leva semanas e é meio caro o preço.

Com a facilidade de já ter um diploma estudantil do país, a maioria dos College's aceitaram e ela não precisou realizar nenhum teste de inglês, já fomos direto para a parte de fazer matrícula. Se o escolhido para estudar fosse eu, o caminho seria fazer o teste de inglês e rezar para o resultado ser satisfatório o suficiente para um College ou Universidade aceitar como estudante universitário.

Bom, tendo resolvido essa parte, a segunda parte foi escolher um curso que estivesse próximo a sua formação no Brasil. O curso que "mais" se aproximava com a profissão de psicóloga era o "Community Service" que é uma área muito requisitada com muitas oportunidades no país. Na província de Manitoba, esse curso é conhecido como "Disability and Community Support". O curso tem duração de 2 anos e caso no futuro decidirmos voltar ao Brasil, o diploma dela será equivalente a de uma pós-graduação.

Escolhemos esse caminho do estudo para conseguirmos dar entrada no visto de 'Residentes Permanentes'. Segundos nossas informações iniciais, após a conclusão do curso, poderíamos dar entrada como casal, visto para os dois. No entanto, descobrimos - já morando aqui - que após 6 meses de trabalho full time (40 horas semanais), a pessoa que tem o visto de trabalho (work permit) pode dar entrada no processo e agregar o parceiro que está estudando. Sendo assim, os papéis se inverteram.

Enfim, o caso é que Luciana basicamente voltou a vida de universitária. Tendo aula 3 vezes na semana e fazendo estágio obrigatório e supervisionado por 2 dias, ou seja, a semana inteira ocupada pelo College. Ela passa a maior parte do dia estudando. As aulas começam as 9 e vão até as 4 da tarde. Voltando para casa ela tem muitos trabalhos, testes, provas para se preparar. O ritmo de exigência e demanda é bem alta. E por mais que você tenha fluência na língua, por muitas vezes há uma sensação de "desvantagem", de ter que provar mais que os outros, de ter que ser tão boa quantos os colegas nativos do país.

De fato, o curso oferecerá boas vagas e oportunidades de trabalho no desfecho, e o salário inicial é bem maior que o salário mínimo da província. Mas o trabalho exige muita atenção, estudo, conhecimento, dedicação, paciência, habilidade, e amor ao próximo.Afinal a função é ser um "amigo" ou até mesmo um "membro da família" a qualquer hora das pessoas com algum tipo de desabilidade / deficiência.

É uma profissão muito bonita e que exige muita competência da pessoa. E sem modéstia, Luciana manda muito bem. É aluna internacional sim, porém mantém as notas sempre altas. Mesmo quando eu digo para ela que o nosso objetivo não é ser a melhor aluna da sala. O objetivo é ser uma profissional competente e conseguir o visto para darmos sequência nos nossos planos familiares futuros. Extremamente competente ela sempre foi enquanto psicóloga no Brasil. Então não seria de se esperar diferente por aqui.

Uma coisa importante de pontuar é; Por ser estudante internacional, o valor por semestre é quase três vezes mais que um estudante canadense paga. É um investimento bem alto, que tem que ser planejado com muito cuidado. Porque a vontade de largar tudo - principalmente se você já é graduado com experiência no Brasil - vai ser muito grande.

A Red River tem um escritório especialmente dedicado aos estudantes internacionais. Caso você precise tirar dúvidas sobre qualquer assunto relacionado aos estudos ou a adaptação ao país, eles estão aptos a te ajudar. As instalações do local incluem refeitório, cafeterias, biblioteca, livraria, academia, ginásio, armários para os alunos, salas de aula equipadas, e etc...

A Red River tem dois campus em Winnipeg. Uma fica em Downtown e o outro em Notre Dame.
Abaixo algumas fotos do campus de Notre Dame:













Share:

Um dia na nevasca de Winnipeg


O inverno está quase se despedindo, as temperaturas na cidade já estão melhorando (leia-se, saindo do menos 20, indo para o menos 5) e os dias já estão mais longos. O sol está se pondo depois das 5 da tarde, durante o meio do inverno a cidade já escurecia depois das 3.

Ontem, dia 4 de março - domingo - foi anunciado uma grande chuva de neve (nevasca) que atingiria Winnipeg durante a madrugada e o decorrer da segunda-feira, 5. O esperado era até 25 cm de neve, o que é bastante. O interessante é perceber que quando neva o clima não é tão frio. Durante o dia o termômetro registrou temperaturas de 1 grau positivo.

Com a forte tempestade de neve, a cidade entrou em estado de alerta e durante o dia foi reportado vários carros atolados nas ruas, as escolas cancelaram as aulas, algumas árvores caíram devido ao peso da neve em seus galhos, entre outros empecilhos que ocorrem na cidade com a grande quantidade de neve nas ruas. A forte tempestade acabou por volta das 2 da tarde.

E o que nós decidimos fazer? Bem, já que o intuito é mostrar como é nossa vida na neve, vestimos nossas cachorras com as roupas de passear no frio, nos agasalhamos e partimos para tirar várias fotos na neve. O visual era algo de tirar o fôlego de lindo. Foi a primeira vez que experienciamos juntos, na cidade, uma grande tempestade de neve. Não nevou essa grande quantidade durante o natal e ano novo (quando é mais comum).

Abaixo algumas fotos desse dia após a grande nevasca:




















Share:

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Como alugamos um apartamento em Winnipeg

Quando chegamos aqui no mês de agosto, fomos recebidos pela 'host family' da Luciana. Eles nos acolheram em sua casa, nos deram um quarto, conforto, apoio e tudo isso sem prazo de expiração. Nós poderíamos ficar com eles por quanto tempo fosse necessário.

Permanecemos lá por aproximadamente 1 mês e meio. Foi o tempo de Luciana se acostumar com a rotina de pegar o ônibus para a college, eu começar a trabalhar, nós nos familiarizarmos com a cidade. A casa deles fica no bairro de Saint James, uma área ótima, perto da Portage Avenue, Assiniboine Park, Polo Park e outros pontos famosos da cidade. Como éramos recém casados e estávamos começando nossa vida a dois, decidimos que o melhor para gente seria ter o nosso canto logo, até porque nós tínhamos uma cachorrinha também. (Apesar de que eles já tinham 2 cachorrinhas que de tornaram amigas de Frida). Queríamos evitar transtornos na rotina da família.

Então começou a busca pelo nosso lar. Andamos vários dias pela Portage procurando placas de 'aluga-se', procuramos anúncios em jornal e no kijiji. Quando tínhamos dúvida se o bairro/rua era legal e seguro nós sempre perguntávamos para a família.

Depois de alguns dias procurando apartamentos - no mês de setembro - marcando visitas, Luciana achou nosso apartamento no kijiji. Na verdade, nós achamos um apartamento de 1 quarto na Corydon Avenue, pet friendly (aceita animais) e com um preço dentro do nosso orçamento (menos de mil dólares por mês). Marcamos visita e fomos de ônibus visitar. Chegando lá, o síndico já estava nos esperando, subimos para conhecer o apartamento. Era até legalzinho, no segundo andar, com uma sala de estar grande, uma cozinha americana, banheiro, quarto com um pequeno armário.

Gostamos mas não amamos. Então o síndico nos disse que tinha um outro apartamento, um pouco maior, na mesma rua que estaria vago no começo do mês de outubro. Só tinha um detalhe, a pessoa ainda morava no local. Mas o síndico disse que poderíamos ir conhecer o imóvel sem problemas.


Achamos muito estranho e muito desconfortáveis com a situação fomos olhar o local. O síndico tinha a chave do apartamento e foi abrindo a porta para gente. Que sensação de invasão horrível tomou conta da gente. Completamente desconfortáveis nós entramos e demos uma rápida olhada. Não conseguimos prestar bastante atenção no local porque era demais invadir a casa de alguém sem a pessoa estar lá. Aliás, era muito bizarro o fato dele mostrar o apartamento que uma pessoa ainda morava lá, com tudo dela lá. Invasão de privacidade.

Mas o apartamento era bem maior que o anterior, o prédio era muito melhor e mesmo sem olhar direito nós decidimos que queríamos ele. Fomos até a casa do síndico, que também morava nesse mesmo edifício (sim, ele é síndico dos dois prédios) e pegamos a papelada para entrar na lista de espera.
primeiro dia no apartamento
Não sabíamos se conseguiríamos o apartamento porque na época eu não estava trabalhando ainda, Luciana só estudando e tudo que tínhamos era um dinheiro guardado no banco, mas tentamos assim mesmo. Colocamos nossa host mother como referência e tentamos a sorte.  Dia depois recebemos uma ligação dizendo que nossa ficha tinha sido aprovado. Não tivemos que comprovar renda e eles também não pediram por fiador.

Teríamos que pagar o aluguel do primeiro mês adiantado + pet deposit (uma taxa com o valor da metade do aluguel para ter um animal no apartamento) + o deposit (valor integral do aluguel que eles podem ou não devolver no final do contrato, a depender do estado de conservação do local.). No dia 1º de outubro, um domingo, nos mudamos. O curioso foi que nos mudamos para o mesmo prédio e o mesmo andar que uma amiga de Luciana também morava, mas não sabíamos. (Nossa querida vizinha - e também brasileira - Ana, que já mora em Winnipeg há 7 anos).

No começo não tínhamos uma vaga de estacionamento, motivo pelo qual nosso carro morreu várias vezes no frio, enquanto dormia do lado de fora sem o plug. Conseguimos a vaga no começo desse ano.

Adoramos a nossa área (Corydon Avenue), eles chama aqui de "Little Italy"  - Pequena Itália -. É um bairro com alguns restaurantes italianos, muitos restaurante japoneses e chineses e diversos bares e pubs. Dizem que no verão se torna um dos bairros mais procurados de Winnipeg.
E o melhor é que fica a 5 minutos (de carro) ou 7 de ônibus do meu trabalho que é no mesmo bairro.

Nossa única reclamação e estranheza é com relação as regras bizarras do prédio. Às vezes eles precisam fazer inspeção no detector de fumaça dos apartamentos, então com 24 horas de antecedência eles deixam uma notificação debaixo da porta avisando que eles vão entrar na sua casa, você estando ou não, para fazer a vistoria.

Luciana e eu ficamos inconformados com isso, achamos muita falta de educação mesmo. Mas pelo visto, isso é normal aqui e está dentro da lei se for avisado com 24 horas de antecedência.
Acho bem babaca isso.

Um detalhe bem estranho e curiosos ao mesmo tempo; o apartamento NÃO TEM iluminação no teto da sala. Você precisa comprar abajur altos (no mínimo 2) para ter iluminação na sala. Parece que isso é comum em alguns prédio na cidade.


Enfim, o prédio tem lavanderia própria, você só precisa ter um cartão para utilizar as máquinas. Mas iremos contar essa parte em uma outra postagem.



Share:

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O dia em que fui intérprete no Canadá

Muita gente que vem de mudança para Winnipeg se pergunta como é o mercado de trabalho aqui. Será que minha profissão no Brasil é reconhecida? Será que vai ter alguma oportunidade de emprego?
A resposta é positiva. Existem muitas vagas, principalmente no comércio, para quem realmente quer trabalhar. Agora se vai ser na sua área de formação já é um outro passo. Algumas profissões não são reconhecidas, e as que são, você vai precisar de ter um nível de inglês muito avançado, praticamente fluente e passar por um processo seletivo rigoroso.

O que eu recomendo, para todos que vierem para Winnipeg, é fazer o 'Manitoba Start' e também o 'OFE - Opportunity for Employment'. Ambos são programas gratuitos do governo para te ajudar a ser inserido no mercado de trabalho. Esses programas te ensinam como fazer um currículo (sim, o currículo aqui tem uma outra formatação). O bom também é que após você completar as 2 semanas dos programas, eles começam a te enviar vagas pelo e-mail de acordo com o seu perfil.
Uma dica importante; Caso você se matricule nos 2 simultaneamente - como eu fiz - não deixe que eles saibam disso. Eles são programas distintos e eles não gostam de saber que você está fazendo os dois ao mesmo tempo.
Mas eu fiz, pela manhã eu ia ao Manitoba Start e a tarde para o OFE. Um fica em frente ao outro, é só atravessar a rua.

Na verdade mesmo, eu não cheguei a completar as duas semanas dos programas, por sorte eu consegui um emprego antes e não tinha mais a disponibilidade de horário. Avisei aos 2 que eu estava empregado. No OFE quando você consegue um emprego, eles tocam um sino bem alto para comemorar. Já o Manitoba Start continua te acompanhando pedindo feedback sobre a sua experiência.

Inclusive, o Manitoba Start continua enviando vagas de emprego até hoje, mesmo sabendo que eu estou empregado. E foi assim que eu consegui um segundo emprego aqui.

Certo dia de novembro recebi um e-mail do Manitoba Start perguntando se eu tinha interesse em uma vaga de "intérprete" em uma empresa. Eles procuravam pessoas que falavam português e inglês e que topassem trabalhar na madrugada. Eu já estava trabalhando na Domino's e na época trabalhava das 3 da tarde até as 9 da noite, então daria.

Sem expectativas e sem saber nada sobre a empresa (o Manitoba Start não revela) eu respondi o e-mail dizendo que tinha interesse e mandei meu currículo. No mesmo dia a empresa me ligou. Tive um breve bate papo por telefone e eles me perguntaram se eu tinha disponibilidade de uma entrevista por telefone no dia seguinte. Na hora exata combinada eles me ligaram e eu tive minha primeira entrevista de emprego por telefone. Depois de 25 minutos conversando, eles me disseram que se eu passasse nessa entrevista por telefone, eu receberia um e-mail me convidando para uma entrevista pessoalmente.

Dois dias depois eles me mandaram e-mail me chamando para a entrevista pessoal numa terça-feira. Chegando lá, a entrevista na verdade eram vários testes. Tive que fazer um teste de navegação de internet, um teste de pronuncia de inglês, um teste de quantas palavras digitava por minuto e uma última entrevista confirmando a disponibilidade de trabalhar no turno da madrugada.

A proposta inicial era de ser um intérprete do português para o inglês e vice-versa. A empresa atende os mais diversos tipos de chamadas e nossa função seria de ajudar a pessoas que não falam inglês e moram na América do Norte (brasileiros e portugueses) a ter o seu problema solucionado.

Começou o treinamento na sexta-feira daquela  mesma semana. Eu e mais quatro brasileiros teríamos uma semana inteira de treinamento e um último dia final para começar na função com monitoramento. Foi uma semana muito peculiar, estranha, divertida, engraçada e lá pelo meio do treinamento eu já tive um 'feeling' de que eu não me encaixaria muito bem nos moldes da empresa, mas fui até o final do treinamento. No último dia, o do monitoramento, recebemos a nossa carga horária. Eu seria o primeiro do nosso grupo a trabalhar na madrugada.

Por questões contratuais, eu não posso divulgar muito sobre a empresa e o que realmente fazíamos lá (nossas funções). Meu turno começava as 11 da noite e ia até as 7 da manhã. Algumas regras você tem que seguir como: não pode usar celular e nenhum outro aparelho tecnológico, não pode dormir (óbvio), entre outras. Mas você podia levar um livro para se distrair.

O que eu posso dizer é que entre tantas outras atividades relacionadas a call center (principalmente de parques de diversão), esporadicamente podia ter alguma ligação com o serviço de tradução simultânea.

No meu primeiro turno atendi apenas uma ligação durante 8 horas. Levei um livro para ler (Harry Potter and the Child Cursed) o que foi uma péssima ideia, porque foi me dando muito sono. No intervalo, as 3 da manhã, eu resolvi ir para rua dar uma volta no frio para ver se acordava.

O meu plano era trabalhar das 3 às 9 na Domino's e das 11 as 7 da manhã nessa outra empresa. Dormiria das 8 as 2, e assim seria minha rotina por pelo menos 4 vezes na semana (dependeria do meu turno de trabalho na madrugada, não era todos os dias).

Mas por motivos de incompatibilidade com a empresa, com a função por trás do "intérprete", eu resolvi largar essa oportunidade de emprego e acabei que fiquei só com a Domino's (onde trabalho até hoje) e acabei aumentando mais carga horária lá. Um outro brasileiro, que virou meu amigo, também não aguentou o tranco e pediu para sair. Os outros três continuam firmes e fortes lá, satisfeitos com a oportunidade que a empresa oferece.

O que eu tirei de proveito dessa experiência? Orgulho de mim. Orgulho de saber que eu tinha conquistado um outro emprego no qual eu tive que passar por algumas entrevistas. Orgulho porque como já contei aqui, eu aprendi inglês sozinho e de repente tinha conquistado uma vaga de "intérprete".

Mas foi como eu disse no começo do texto, oportunidades de emprego a cidade tem. É só ter perseverança, ter a cabeça aberta para as oportunidades que surgirem e não ter medo de fracassar e tentar de novo e de novo.
Fora a Domino's e esse emprego de intérprete, também fui chamado para trabalhar no Tim Hortons, mas acabei cancelando a entrevista por já ter um emprego mais perto de casa.

Ps* Lá também era proibido tirar fotos, mas secretamente fiz esse registro.


Sites para buscar vagas de emprego em Winnipeg

1. Career Cruising
www.careercruising.com


Share:

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Várias primeiras vezes no Canadá

Desde que cheguei aqui no Canadá tenho experienciado diversas novidades pela primeira vez. Algumas coisas que para Luciana já não eram novidades, para mim, nos auge dos trinta anos, eram completamente novas. A Luciana teve a oportunidade de fazer intercâmbio há 10 anos atrás aqui nessa mesma cidade - Winnipeg - por 1 ano. Ela também já tinha feito um mochilão com amigos pela Europa, então muito do que é novidade para mim, para ela já era conhecido.

Já começa a lista pela língua inglesa. Nunca eu tive que me comunicar em inglês com ninguém. Eu tinha diversos amigos no Brasil que eram fluentes, mas eu não tinha que falar inglês com eles. Até mesmo Luciana que já tinha dado aula de inglês em diversos cursos e escolas, nunca tinha conversado comigo nessa língua.
A partir do momento que fizemos nossa primeira escala do vôo São Paulo - Chicago, já começou essa novidade para mim.
Eu aprendi inglês sozinho, ouvindo amigos fluentes conversarem, traduzindo músicas, assistindo seriados, lendo alguns jornais internacionais. Mas até ai eu não tinha com quem e nem porque praticar. A partir do momento que o avião pousou em solo internacional, já era o português. E até que eu me virei muito bem, tanto que a host family da Luciana sempre elogiava, eu consegui passar em entrevistas de emprego e a cada dia você vai melhorando, aprendendo e aperfeiçoando essa língua nova.

Desde que chegamos em Winnipeg o que eu mais escutei era: "Se prepare para o inverno". Eu nunca tinha passado por temperaturas realmente frias e eu estava muito ansioso para conhecer a neve. No dia 14 de outubro nevou pela primeira vez na cidade. Foi uma neve bem rala e passageira. Mas foi o suficiente para eu pegar meu casaco de inverno, agasalhar nossa cachorrinha Frida e descermos para conhecer essa bendita neve. Luciana, já experiente, ficou revoltada e reclamou muito do fato de nevar antes de começar o inverno propriamente.



Atualmente, no inverno, todos os dias e em todos os lugares tem neve, acho um pouco chato, principalmente quando você tem que limpar o carro todo antes de usá-lo. E com relação a temperatura baixa, no mês de dezembro foi o dia mais frio de todas as cidades do mundo, com sensação térmica de - 47º C. Nada agradável.

No mês de outubro também tive a oportunidade de curtir o Halloween. Eu sei que pode parecer idiota, mas eu estava muito animado para essa data. Depois de anos e anos assistindo filmes sobre essa cultura, eu queria muito vivenciar isso de perto. E vou te contar, fizemos isso em grande estilo. Compramos nossas fantasias com 3 semanas de antecedência. Fomos a uma loja chamada Value Village e consegui minha fantasia do Coringa do Batman onde no pacote já vinha a roupa, peruca e maquiagem. Nesse mesmo dia tentamos achar a namorada do Coringa, a personagem Harley Quinn para Luciana, mas só achamos a peruca. Dois dias antes do Halloween conseguimos achar em outra loja a roupa completa dela.



No dia do Halloween vimos muitas crianças passando de porta em porta pedindo doces, a maioria das casas enfeitadas com tema de Halloween, foi muito legal. Mas o melhor ainda estava por vir. Nos fantasiamos e estávamos prontos para a festa, só faltava um detalhe; a festa. Olhamos na internet e decidimos por ir em um night club próximo a nossa casa onde aconteria um concurso de fantasia e o prêmio seria de 100 dólares.

Chegamos na porta do local e não havia quase ninguém tão produzidos quanto nós dois, o máximo eram pessoas usando uns adereços de cabeça, bem boring. Bateu uma dúvida se deveríamos entrar e passar vergonha ou não. Mas já que estávamos lá, entramos.

Simplesmente fomos a sensação do local. Todo mundo passava pela gente elogiando. O club estava lotado e muitas pessoas pediram para tirar fotos com a gente, especialmente com Luciana - Harley Quinn -. Até que um dos produtores do local viu e nos convidou para o concurso de melhor fantasia da noite. Na hora do concurso tínhamos que subir no palco e dançar com os 4 finalistas e o público decidiria os vencedores em cada categoria (homem e mulher). Não ganhamos, mas nos divertimos muito e jamais esqueceremos dessa noite de Halloween.






O natal também foi uma experiência diferente das minha anteriores no Brasil. A começar que eu trabalhei até as 8 da noite na noite de natal e normalmente esse horário eu estava em casa terminando algum prato da ceia e indo tomar banho para receber os parentes. Por aqui a noite de natal e nada (comparado ao Brasil) é a mesma coisa. As pessoas se reúnem mas a data não é algo importante. Você nem precisa se arrumar todo, você vai encontrar a família, tomar um vinho, conversar e dormir cedo, porque o natal mesmo, por aqui, é no dia 25. Ai sim, no dia 25 tem uma grande ceia, todos os parentes se juntam, acontece a troca de presentes, amigo oculto e todo o processo que no Brasil acontece dia 24 a noite.


O natal é marcado pela neve, pelas meias penduradas na lareira, pela árvore de natal e pela comida que é diferente também. Não tem a rabanada, nem o peru, nem a farofa e muito menos a uva passa. Na verdade essa ceia de natal do Brasil é mais parecida com a ceia do Thanksgivin. Mas a ceia foi deliciosa do mesmo jeito, eu mesmo repeti umas 3x. O povo já tava trocando presente de amigo oculto e eu comendo. Passamos essa data especial com a nossa amada família canadense; Os Melos. Foi ótimo! (tirando que o nosso carro resolveu morrer na noite do natal também).

E já que estávamos só nós dois pela primeira vez, resolvemos nos divertir e fazer um vídeo dançando uma música de natal muito famosa por aqui e mandar para nosso amigos como nosso "cartão de natal".


Um passeio que fizemos no começo do ano que foi minha primeira vez também foi quando decidimos patinar no gelo. Escolhemos um dia em que eu estava de folga do trabalho e que a temperatura estava boa (no dia fazia - 6º). Eu nunca tinha patinado no gelo, nem naquelas pistas de gelo falso em shopping. Luciana já tinha patinado outras vezes aqui em Winnipeg. Quando criança, os dois patinaram muito em patins "normais" no asfalto.



Fomos até o The Forks, alugamos o patins por 5 dólares cada e morrendo de medo de cair e se arrebentar inteiro, nós pisamos no gelo. Eu fui primeiro e entrei no gelo fazendo os mesmo movimentos que meu corpo se lembrava de quando patinava quando criança; funcionou. Luciana com muito medo foi indo devagar, devagarinho e depois de uns minutos ela se sentiu mais confortável e conseguiu patinar. Curtimos a pista enorme de patinação (que na verdade é o rio da cidade que no inverno congela e vira pista de patinação e área para quem quer praticar o hóquei.).
Foi uma experiência muito legal, apesar da dor que o patins causa nos pés depois de meia hora.






E esses são apenas alguns relatos das primeiras vezes que nós experienciamos algo novo na nossa nova vida aqui no Canadá.
Share:

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Por que escolhemos Winnipeg para imigrar?

Uma das dúvidas recorrentes de quem decide imigrar para um novo país é a escolha da cidade. E muita gente nos pergunta por que escolhemos a província de Manitoba (especificamente em Winnipeg) para morarmos.


A curiosidade vem porque as pessoas não tem muita informação sobre a cidade. Geralmente quando se fala de Canadá as pessoas imediatamente pensam em Toronto ou Vancouver, mas nunca Winnipeg. A verdade é que a cidade realmente não é a mais turísticas das províncias canadenses, isso devido a sua fama de 'winterpeg', ou seja, a cidade do inverno.

Sim, aqui o frio é muito rigoroso e acaba sendo a cidade mais fria de todo Canadá, onde as temperaturas chegam a - 35 com sensação térmica de - 47. Luciana e eu tivemos essa sorte enorme de experienciar esse clima agradável. Foram dias e dias acordando e pensando: O que estamos fazendo aqui?
Teve um determinado dia do mês de dezembro onde Winnipeg estava com a sensação térmica mais fria do mundo, mais fria do que Polo Norte. Imagina viver nesse clima nós que viemos de um país tropical.

Mas no final, sobrevivemos!

Escolhemos a cidade por uma série de questões:
Primeiro que Luciana já era familiarizada com ela. Em 2007 ela realizou um intercâmbio estudantil, onde ela fez o 3º ano do segundo grau (Grade 12 do High School) aqui. O diploma do ensino médio dela é canadense, e não brasileiro - por isso ela n'ao teve que fazer prova de proficiência em inglês para entrar na College, como de exigência para todos os estudantes internacionais. Nesse programa que ela veio na primeira vez aqui, ela foi acolhida pela família Melo (família canadense, com descendência portuguesa), que acabou se tornando pessoas queridas e muito próximas, a ponto de desenvolverem realmente uma relação amorosa de família. Luciana voltou para visitar mais duas vezes depois de seu intercâmbio, eles foram a visitar no Brasil, depois a irmã dela veio fazer intercâmbio aqui (na mesma cidade e casa da mesma família) - daí vocês tiram como a relação é estreita entre eles... São quase 11 anos no total! Então, sabíamos que vindo para cá teríamos apoio da família canadense em uma cidade que não seria completamente estranha para pelo menos um de nós.

O fato da cidade não ser muito turística e bastante fria também foi um atrativo. Isso porque o governo canadense facilita o processo de imigração para quem deseja começar a vida em Winnipeg. O processo é mais rápido e menos burocrático quando comparado com as demais províncias do Canadá. Exatamente por ser uma cidade menor (aproximadamente 750.000 habitantes), mais isolada e muito fria, então essa "facilidade" no processo de imigração é facilitado para que as pessoas venham e aumente a população da cidade. Sem falar no custo de vida, que é bem mais baixo quando comparado às maiores cidades. Como consequência do baixo custo de vida, mais qualidade de vida - moramos na Corydon, um dos melhores bairros da cidade (onde dizem que é a parte mais "viva" daqui, e chamam de "little Italy"), temos um carro, e a chance de comprarmos nossa casa própria em 3 anos é grande!

E esse foi o principal ponto pelo qual decidimos começar nossa vida no Canadá na cidade de Winnipeg. Mesmo tendo alguns contras, como: o inverno bastante rigoroso, uma cidade pequena, poucas opções de entretenimento, calmaria excessiva. O fato de você conseguir agilizar o processo de imigração acaba que ganha na balança dos prós e contras.

Importante dizer que esse processo de imigração não é garantido para todos e que todo mundo que vem para cá com esse desejo vai ter que passar por todas as etapas e cumprir todos os pré-requisitos e acumular uma quantidade significativa de pontos para que o consulado canadense possa primeiro te nomear como um "residente permanente", para que depois você tente o processo de imigração.

Como já estamos morando aqui há 6 meses, e eu vou completar 6 exatos meses de trabalho na mesma empresa, em breve estaremos dando entrada no processo de Residentes Permanentes (tão famoso PR). Mas essa parte do processo vou deixar para relatar mais para frente.

Mal podemos esperar pelo verão, dizem que a cidade fica viva, cheia de atividades ao ar livre e as pessoas são muito felizes e os dias são lindos e ensolarados. Queremos muito desfrutar dessa estação do ano por aqui, até que o inverno chegue outra vez...








Share:

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Nos casamos para conseguir o visto canadense?

Algumas pessoas nos perguntam se nós tivemos que nos casar para conseguir o visto canadense. E a resposta - chocante - é: Não! E mais chocante ainda, quando nos casamos não tínhamos a MENOR ideia que nós viríamos a morar no Canadá. Óbvio que já existia o planejamento e a vontade, mas a confirmação não.

Voltando no tempo, era setembro de 2016 e nós resolvemos tentar a sorte e ir morar no Canadá, vendemos tudo que tínhamos, cancelamos contrato de apartamento, fizemos toda a papelada do visto correndo contra o tempo. A princípio tentamos ir para uma cidade chamada Barrie. Mas devido a milhares de contratempos, acabou que essa mudança foi prorrogada. A ideia era que nos mudássemos no dia 31 de dezembro de 2016. Mas não deu.

Então, seguimos nossas vidas e nos restabelecemos financeiramente, emocionalmente e completamente em paz com a vida. Estávamos num momento muito confortável, que por muito tempo desejamos.Luciana trabalhava num cargo ótimo no Ministério da Integração e eu estava brilhando no Curta Mais Brasília. Profissionalmente, ambos estavam satisfeitos.
E por isso tínhamos dúvida se deveríamos repensar no plano do Canadá. Então, sem a menor expectativa, no mês de junho de 2017 demos entrada na papelada do visto novamente (sim, tivemos que recomeçar do zero) e simplesmente deixamos acontecer.   

Acontece que em meados de abril foi quando resolvemos casar, assim, do nada. 

A história verdadeira é assim; Luciana foi criada boa parte de sua vida com a companhia de sua avó materna, Dona Glória (uma senhora muito fofa e linda) que infelizmente sofre de Alzheimer. Então, não tivemos dúvidas, como a doença não regride, ela só avança ou estagna, resolvemos que seria muito especial ela estar no nosso casamento, participando e com consciência (mesmo que temporária). E ela como é muito apegada a Deus, seria muito especial que ela visse sua neta casando na igreja. 

Incrivelmente nós conseguimos planejar um casamento inteiro em  2 meses. E olha que com bastantes empecilhos: 90% da família dela mora em São Luís/MA ou em Fortaleza/CE. A nossa ideia era realizar uma cerimônia simples, intimista, e com um outro grande detalhe; em Pirenópolis (a cidade que nos conhecemos.).

Quando percebemos tínhamos um mini wedding (casamento pequena para 70 pessoas) e um destination wedding (em outra cidade). Chiquérrimos!

Todos da nossa família compraram a ideia e com ajuda deles conseguimos organizar tudo em mais ou menos 70 dias. Primeiro nós nos casamos no civil, pois a igreja exigia, depois fizemos curso de noivos na igreja próxima a nossa casa, escolhemos nossos padrinhos a dedo e nós mesmo fizemos os convites. Aliás, nós fizemos os convites do casamento também. Resolvemos fazer tudo com a temática rústica. Fizemos um site com algumas informações, entre elas algumas pousadas onde os convidados poderiam se hospedar, reservamos a igreja do Bonfim na cidade de Pirenópolis e por fim fechamos contrato com uma das maiores empresas de casamento em Goiás e tivemos nosso casamento realizado em um lugar paradisíaco. (A organização não foi exatamente nessa ordem).

Nesses 2 meses tivemos que resolver todos os detalhes do casamento; vestido da noiva e todos os acessórios, roupa do noivo, roupa dos padrinhos, cor do vestido das madrinhas, as bebidas do casamento, experimentar os doces, reunião em Pirenópolis para decidir arranjos de flores, buffet, músicas da igreja. Relembrando assim, foi uma loucura muito deliciosa.

A igreja escolhida era tão linda e tão perfeita para a nossa proposta. Conseguimos reservar para o dia e a hora que desejávamos. Convidamos nossa amiga Laura (minha amiga da época de colégio) para cantar na cerimônia, o que tornou tudo mais especial e intimista do jeito que queríamos que fosse. Ela nos ajudou muito com a escolha do repertório e teve que aprender alguma músicas em duas semana. Tudo com muito carinho.

Outro presente foi o nosso fotografo incrível que por um acaso era primo de Luciana. Um dos melhores de Brasília se dispôs a nos fotografar, tanto na prévia do casamento, quanto no making of, casamento e recepção. As fotos falam por si sobre a qualidade excepcional do trabalho. Também tivemos a sorte de encontrar (por meio do fotografo) um casal maravilhoso que fez toda a captação de vídeo do nosso grande dia. O resultado ficou tão fantástico e tornou o dia ainda mais especial. (Principalmente porque só tivemos noção do que foi o casamento mesmo depois de ter em mãos e contemplar as fotos e o vídeo editado).

Pelo tempo curto para organizar tudo, não conseguimos agendar uma banda boa para tocar no casamento, então optamos por um Dj tocanddo na recepção. E esse é o único detalhe que nós mudaríamos se tivéssemos mais tempo de preparo.

Enfim, no da 30 de junho de 2017 as 15h da tarde nós nos casamos na cidade que nos conhecemos pela primeira vez. Foi tudo tão perfeito, alegre, muito amor envolvido e muitas histórias (alguns bafões) e muitas saudades desse dia tão especial em nossas vidas.

E não, não tínhamos ideia de que acabaríamos nos mudando para o Canadá 2 meses depois. Realizamos o casamento, partimos para nossa lua de mel (Uruguai e Argentina) e depois voltamos para nossa rotina feliz e de trabalho em Brasília e sinceramente, tínhamos esquecido do Canadá. Não criamos e nem geramos expectativas, deixamos o processo - demorado - do visto rolar. Se fosse para acontecer, e se fosse da vontade de Deus, daria certo.

No dia 4 de agosto recebemos um e-mail do consulado canadense com a nossa resposta. O visto de estudo de Luciana e o meu visto para trabalho, ambos tinham sido aprovados. E a escola onde Luciana viria fazer a especialização começaria as aulas no dia 24 de agosto, ou seja; Tínhamos exatos 20 dias para nos mudar, para mudar nossas vidas.

Foi tão louco e corrido quanto montar um casamento as pressas. Imagina, tínhamos uma vida confortável, num apartamento incrível, nossos carros, trabalhos maravilhosos, vida plena e feliz. Pois decidimos, pensando no futuro da nossa futura família, que seria melhor agarrar essa oportunidade e vir para o Canadá.

Hoje estamos aqui há seis meses, e com quase 8 meses de casados. E a sensação é de que nós faríamos tudo outra vez.
Segue abaixo algumas fotos do casamento e um link com um videoclipe do casamento.





 





 






 








Clique para assistir ao vídeo do casamento: https://drive.google.com/open?id=0B6IlQcT5zeVfYTkxdGtBZDBRVDg

Share: